Eu quero uma casa no campo como Elis
Regina,
Plantar os discos, os livros,
E quem sabe uma menina,
Por mim até podem ser mais,
Um amor como os meus pais,
Os dias como os demais,
Sem serem todos iguais.
Casa no campo com a porta sempre aberta,
Deixar entrar amigos,
Partir à descoberta,
Ter a minha cama grande,
A colcha predileta,
E um cão desobediente,
Em cima da coberta.
Quero uma casa completa
Com um pedaço de terra,
E com o espaço quero o tempo,
Adormecer na relva,
Longe da selva de cimento,
Eu acrescento que quero cultivar mais do que mero conhecimento,
Quero uma horta do outro lado da porta e quero a sorte de estar pronta quando a
morte me colher,
Quero uma porta do outro lado da morte,
Ter porte de mulher forte quando a vida me escolher.
Quero uma casa no campo que cheire a flores e frutos,
A gomas e sugus,
A doces e sumos,
Cozinhar para quem quer comer,
Comer como sei viver,
Com apetite, já disse que não quero emagrecer.
Comer de colher sopa,
Fazer pão,
Estender a roupa,
Faço pouco das bocas que me dizem para crescer,
Eu quero rasgar janelas nas paredes cujas pedras
Carregar com as mãos que uso para escrever.
Casa no campo com lareira e fogo brando,
Que ilumina todo o ano,
O sorriso de quem amo,
Quero uma casa no campo que pode ser na cidade,
Mas tem de ser de verdade,
Mesmo não tendo morada…
Onde é que aprendeste o que é o infinito?
Foi na contra-capa de um livro da anita
Diz-me qual é o teu perfume favorito?
Pão quente, terra molhada e manjerico
Anda viver comigo
Colamos o nosso umbigo
E não passaremos frio
No nosso lugar estranho
Um filho, um livro, um disco, uma árvore
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